Ser negro, pobre e discriminado no Brasil e não saber se volta para
casa, é uma realidade. Fazer parte das minorias é lutar diariamente
contra a violência e a exclusão. Não há como debater sobre a questão dos
negros, sem incluir os brancos, bem como os homens no tema das
mulheres. A conscientização é urgente em vista da doença que a sociedade
brasileira tem vivido. Salvador (BA), em um estado carregado de
história e com 79,9% dos negros do país, recebe o XV Encontro Nacional
de Assuntos Raciais da FENTECT. O evento, que será realizado entre os
dias 17 e 19 de maio, tem como objetivo gerar consciência e atuação nos
militantes.
"A FENTECT tem tradição no debate sobre assuntos raciais. Portanto, é
hora de rearticular todos os setores sindicais para pensar e agir o
tema. Não é pouca coisa, teremos muito trabalho pela frente e vamos
discutir muitos assuntos a respeito nos próximos dias", destacou o
secretário de Assuntos Raciais, Rogério Ubine.
"As terras do Cruzeiro, sem reis e sem escravos", cem anos antes de
Martin Luther King, já era sonho do homenageado pelo XV Encontro
Nacional de Assuntos Raciaisl, Luiz Gama. O jornalista, advogado e
poeta, filho de homem branco e negra livre, foi feito escravo aos 10
anos e alfabetizado apenas aos 17 anos de idade. Tornou-se, então,
advogado abolicionista e conseguiu libertar mais de 500 escravos -
número estimado em mil.
Para os representantes dos ecetistas, o encontro levará ideias não
apenas aos trabalhadores dos Correios, mas a cada cidadão brasileiro.
Ressaltou-se na abertura a necessidade da luta pela equidade, mas, acima
disso, o respeito aos demais, independente de raça, crença ou classe.
Análise de conjuntura
A questão da mulher negra no país, violentamente atingida todos os dias, ganhou destaque nas falas, já que essas precisam enfrentar a realidade do 5º país mais violento para mulheres. Além disso, houve crescimento de mais de 190% da violência e da agressão às mulheres negras vítimas letais do machismo. Também os jovens ainda estão nas mãos da criminalidade. A cada dois cidadãos brancos vítimas de homicídio, seis negros são atingidos como vítimas diretas.
"Branco favelado sai de casa e pode voltar empregado, enquanto a
família do negro agradece por ele estar vivo. Nossa pele é preta, mas
nossa cabeça é branca, por conta do sistema capitalista excludente",
destacou-se na visão sobre a realidade dos negros.
Diante dessa realidade, são necessárias políticas públicas para
combater a homofobia, a violência contra as mulheres, a favor dos negros
e, principalmente, aos trabalhadores. Isso, para que todos tenham
direito à educação e ao esclarecimento contra ao que prega o atual
governo, com a implantação de retrocessos. É a hora de cada um sair para
as ruas e garantir o futuro do país, com muita luta. O que está sendo
retirado do povo, nestes tempos, pode não ser devolvido nunca mais.
fentect
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