Mais uma audiência pública foi realizada nesta quinta-feira (11), na
Comissão de Legislação Participativa, na Câmara dos Deputados, em
Brasília. Entidades representativas da categoria e o presidente da ECT,
Guilherme Campos, foram convidados para falar sobre a situação dos
Correios no Brasil. O debate resultou do requerimento nº 106/16, do
coordenador da Frente Parlamentar em Defesa dos Correios, deputado
federal Leonardo Monteiro.
Como observação, o deputado resssaltou no documento que a alegação de
não rentabilidade da empresa é incoerente, pois o serviço postal em
todo o mundo é estatal e entendido como um direito ao cidadão. Afirmação
confirmada pelo secretário-geral da FENTECT, José Rivaldo da Silva, que
destacou o interesse dos trabalhadores em manterem o patrimônio
nacional. "Embora o presidente dos Correios diga que não quer privatizar
a empresa, percebemos o interesse em reduzir a atuação no Brasil. Nós,
no entanto, queremos que continue pública, prestando serviços à
sociedade. Há mais de 15 anos a ECT não apresenta novos serviços",
lembrou.
Max Leno, diretor do Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (DIEESE), levou para audiência alguns dados
importantes sobre a estatal. Por exemplo, de acordo com a análise da
instituição, entre os anos de 2011 e 2016, a despesa e a receita totais
dos Correios cresceram 53,5% e 32,8%, respectivamente. Além disso, houve
redução no número de empregados, que em 2013 alcançava 125 mil e,
atualmente, conta com apenas 117 mil trabalhadores. "A empresa de
Correios não é uma ilha de prejuízos. É fundamental que dados mais
atuais da empresa possam ser disponibilizados, com o propósito de trazer
luz à sociedade, tendo em vista que os últimos são de 2015",
esclareceu.
O secretário-geral da federação salientou que, com o Plano de
Demissão Incentivada, que está sendo pensado pela ECT, o número de
funcionários tende a cair ainda mais, para cerca de 112 mil. Segundo
José Rivaldo, outro fator prejudicial aos cidadãos é o DDA, com a
entrega alternada. "Poderíamos ter ainda mais monopólio caso as
correspondências não chegassem atrasadas e contássemos com mais
trabalhadores nos Correios", pontuou.
Demais representantes dos ecetistas, presentes na audiência,
aproveitaram a oportunidade para destacar o trabalho dos carteiros,
atendentes e OTTs, que sofrem diariamente com as más condições e os
perigos da profissão. Destacaram que é preciso haver interesse do
governo federal e da empresa em discutir as soluções e, assim, poderão
contar com a ajuda e a disponibilidade dos próprios empregados. Mas,
para isso, é importante que os trabalhadores façam parte do processo de
gestão, sendo chamados ao debate sobre as possíveis transformações e
valorizados nas propostas da ECT.
Comissão geral
Está marcada para o dia 30 de
maio, às 9 horas, uma comissão geral na Câmara, quando diversos
parlamentares poderão participar e também debater situação da ECT. "Há
um clima e vontade para isso. É necessária ação conjunta para viabilizar
a estatal, que está presente em todos os cantos do país, inclusive em
locais onde outras empresas não se fazem presentes, com serviços
bancários e postais", frisou o deputado federal Leonardo Monteiro.
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