A terça-feira (4) será de mobilização em Brasília com a chegada de
caravanas de funcionários dos correios - em greve desde o último dia 14
de setembro. Representantes de São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Mato
Grosso do Sul, Bahia e Minas vão se concentrar, a partir das 8h, em
frente à sede da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), para um ato
público. A mobilização pretende reforçar a luta dos trabalhadores em
busca de melhorias nas condições salariais. Eles também querem
acompanhar de perto a primeira reunião de conciliação do dissídio
coletivo, marcada para as 13h, na sede do Tribunal Superior do Trabalho
(TST).
O dissídio coletivo da categoria foi encaminhado ao TST na semana
passada, a pedido da ECT, depois que a empresa e os representantes da
Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Correios, Telégrafos
e Similares (Fentect) não chegaram a um acordo nas negociações
salariais da categoria. A audiência de conciliação é a primeira parte do
processo de dissídio coletivo e será presidida pela ministra Maria
Cristina Peduzzi.
Durante o encontro serão ouvidas as partes, colhido documentos e há a
possibilidade de formulação de uma proposta, por parte da ministra, que
possa levar as partes ao consenso e assim, a desistência do dissídio.
Caso contrário, o processo será encaminhado a um relator e o processo
irá a julgamento.
“As questões econômicas emperraram a negociação, embora o que mais
tenha aparecido na seja o fato da categoria não aceitar o desconto dos
dias parados”, explica o secretário geral da Fentect, José Rivaldo da
Silva. “A última proposta da empresa, de reposição da 6,87% e ganho real
de pouco mais de 3% confundiu muita gente, mas a verdade é que estes
três por cento só chegariam ao bolso dos funcionários em janeiro de
2012”, explica. “Eles falaram em 9,9%, mas esse percentual está com sua
ótica distorcida”.
Segundo Rivaldo, a greve e a mobilização nacional são uma tentativa
de sensibilizar o governo e a própria empresa das condições de trabalho
de 110 mil funcionários. “Os pisos salariais dos carteiros (R$ 807) e
também de outras categorias que ingressam na ECT, como advogados,
analistas de TI, jornalistas são os mais baixos se comparados com outras
empresas públicas. Existe um déficit de cerca de 30 mil funcionários,
por conta dos empregados que saíram em programas de demissão voluntária e
não foram repostos, além dos mais de nove mil empregados que estão
afastados por problemas de saúde. O volume de entregas dos Correios
chega 35 milhões por dia e os trabalhadores estão sobrecarregados e
insatisfeitos”, admite.
Na última quinta-feira (29/09), depois de oficializar sua
contraproposta e vê-la rechaçada pela categoria, a ECT protocolou o
pedido de ajuizamento de dissídio no TST. A empresa também entrou com
pedido de liminar para que a greve dos funcionários fosse considerada
abusiva. Mas a ministra Maria Cristina Peduzzi, em seu despacho,
indeferiu o pedido de liminar e marcou a primeira audiência de
conciliação para esta terça-feira, dia 4.
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